O que aprendi no meu primeiro mês como freelancer

Durante muito tempo, ser freelancer era, para mim, uma utopia… um estilo de vida e de trabalho que apenas aqueles profissionais maduros e estabelecidos – e super mega profissionais – eram capazes de viver. De alguns anos para cá, livrei-me dessa ideia utópica e esse estilo de vida passou a ser o meu objectivo de vida. E não é que consegui concretizá-lo no final de 2015, sobreviver ao meu primeiro mês e estar aqui para contar aquilo que aprendi até agora?


Gerir o tempo não é fácil.
Freelancer = noites, feriados e fins-de-semana livres? Grande LOL. Todos os minutos contam meus amigos. TODOS! Pensei que ia ter mais tempo para finalmente praticar exercício físico de forma regular, para estudar, para escrever e porque não passear a meio da semana… a verdade é que a flexibilidade dos meus dias actuais permite-me fazer coisas a meio da manhã que não poderia fazer se estivesse numa empresa e, sim, confesso: já estive off durante dias inteiros para fazer aquilo que me apetecia ou que estava a precisar. E que bem que sabe. Mas, depois é preciso compensar tudo isso e rapidamente. Ser copywriter/tradutora freelancer não significa que me limito a escrever e a traduzir: agora tenho de me promover e fazer networking (um sonho para uma introvertida assumida!), estar sempre atenta ao email e conseguir responder rapidamente a tudo, fazer orçamentos e contas (OMG! Mas eu sou de letras, não de números!), tratar de recibos verdes, segurança social (OMG!), gerir o calendário de trabalho e os clientes… E é aí que entra a próxima lição.


Gerir clientes não é fácil. 
Até agora tinha um account ou project manager que me enviava o briefing e eu, no meu maravilhoso mundo da escrita, limitava-me a fazer isso mesmo – pesquisa, brainstorming, escrita, revisão – entregar e continuar na minha vidinha enquanto o account/project manager defendia as minhas palavras. Agora sou eu que tenho de defender as minhas palavras… e os meus preços, prazos e sabe-se lá mais o quê! Cada cliente é uma caixinha de surpresas e é preciso saber lidar, com profissionalismo, simpatia e responsabilidade, com cada um deles. Pelo meio, também tento surpreendê-los com a força das palavras. Acho que estão a gostar.


É para antes de ontem? Sem problema!
É difícil dizer não a um trabalho quando se é freelancer, porque primeiro, não se sabe se na semana seguinte vamos receber algum pedido novo e há que aproveitar tudo o que aparece (ou quase tudo, vá lá, também é preciso uma pitada de sensibilidade e bom senso aqui!); e segundo, porque ao dizer “não” a um possível novo cliente uma vez, podemos estar a fechar uma porta. E se há coisa que não pode haver na vida de um freelancer é portas fechadas – neste lifestyle, as correntes de ar fazem bem, quer dizer que o nosso nome e o nosso trabalho estão em constante circulação.


Há cada vez mais freelancers!
Já conhecia alguns freelancers antes de me ter juntado a esta tribo – eram os meus ídolos e hoje são os meus colegas e alguns até se tornaram amigos. Esta tribo livre, na forma de trabalhar e estar na vida, é também uma rede de contactos e de apoio que não tem preço. Complementamo-nos, ajudamos naquilo que for possível (e às vezes até impossível), motivamo-nos nos dias menos bons e damos os parabéns naqueles dias magníficos em que parece que encontramos o tesouro perdido – que é como quem diz, fechar um grande trabalho ou assegurar uma avença; ver algo que escrevemos publicado por aí para todos poderem ler; ou receber um elogio daqueles. Nesses dias, sabemos que estamos mesmo no caminho certo.

Há cada vez mais empresas e marcas dispostas a trabalhar com freelancers!
É verdade. O que seria dos freelancers sem as empresas e marcas com abertura para trabalhar com freelancers? Já tinha percebido isto antes de dar o grande salto e, desde então, vou tendo a certeza com cada dia que passa. Mas, isto nem sempre foi assim. As coisas estão a mudar… e ainda bem, porque é bom para todas as partes. Somos criativamente livres, em conjunto, e aquilo que é passível de nascer deste tipo de parcerias profissionais – onde cada freelancer traz o que melhor faz para potenciar a marca – pode ser realmente mágico. Eu sei, já vi em primeira mão.

Monica Rodrigues Aragão


PS: as fotos foram tiradas pela Daniela durante a visita relâmpago que a Mónica fez a Lisboa. Neste dia trabalhámos, conversámos e ainda conseguimos planear novos projectos. Obrigada Mónica por este dia. E todo o Sítio agradece também os belos bolos que trouxeste directamente de Braga :)
Filipa Simões de Freitas

3 comentários:

  1. É cada vez mais uma realidade, esta de existirem freelancers. Lembro-me de considerar "a coisa" como algo inatingível e que só lá para os 50 anos é que poderia lá chegar (e eu? A fazer o quê? Encher chouriços?), mas a verdade é que o aparecimento de novas necessidades, fazem com que eles existam. E além disso, não é só trabalhar para ganhar dinheiro (também conta, mas não é tudo), é trabalhar no que se é feliz!

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    1. Sim, Ana... não há nada como nos podermos dedicar àquilo que nos faz realmente feliz!

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  2. Também sou tradutora freelancer e realmente é um desafio dizer "não", equilibrar trabalho, clientes, contas e vida além disso. Quem pensa que tenho tempo para muitas outras coisas, engana-se bem. Nem sequer me lembro dos feriados e quantos fins de semana dedicados ao trabalho. Mas sabe bem poder tirar uma sesta a meio da tarde:D

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